quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Em branco

Há dias em que escrevo e apago.

Escrevo na tentativa de me libertar e apago num movimento de fuga.
Não me posso reler. Não posso parar para pensar ou para verificar se por acaso cometi um erro.

Não posso porque isso implica confrontar-me com os meus pensamentos. Porque implica vê-los materializados sobre a forma das palavras. Porque implica repensar o que se distorce quando se pensa duas vezes.

Não sou de pensar duas vezes. Sou de impulsos. Sou de respirar fundo, fechar os olhos e mergulhar.
Por isso não gosto de pensar, não gosto de reflectir e nem sequer gosto deste impulso que me percorre o corpo e me obriga a escrever o que vem à tona na minha alma.

Não gosto de relembrar quando alguém me perguntou se eu estava neste mundo e depois se referiu ao meu mundo como o "Mundo de Carolina". Não gosto de constatar que o meu mundo me sabe a agridoce e que nenhum sorriso vem sem implicar mágoa ou sacrifício.

Não gosto de me lembrar que estou prestes a concretizar um dos meus sonhos mais antigos para voltar a cair no limbo de quem não sabe para onde quer ir a seguir.

Não me quero lembrar que tenho o maior amor do mundo nas minhas mãos. Mesmo que seja só do meu. Não me quero lembrar do que enfrentámos, do que sofremos, do que passámos. Da espera, do coração apertado, do nó na garganta.

Não quero pensar, nem quero reflectir, porque é quando sou mais feliz.
Porque, naturalmente, o que vive em mim é a força dos sonhos, é o sorriso de quem não está comigo, é o mundo que só é meu quando me consigo abstrair de tudo o que precisei de fazer para o ter e de todos os ataques que ele já sofreu.

Prefiro sentir e reagir no momento.
Soltar uma gargalhada ou deixar cair uma lágrima são gestos que me libertam.
A reflexão amarra-me os pulsos, amordaça-me e obriga-me a ver o que não queria ver mais que uma vez.

6 comentários:

  1. As vezes sabe bem não pensar e apenas viver :)

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  2. Eu sou, também, um pouco assim, muito impulsiva, isso tanto pode ser bom, como menos bom ...

    - Aprecio a tua maneira de escrever, é gentil, é sincera, gosto mesmo (:

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  3. Escrever ajuda a desabafar, mesmo que depois as palavras sejam apagadas. Às vezes também me apetece apagar o que escrevo numa tentativa de apagar o que sinto, mas não tenho coragem para o fazer, prefiro guardar e não voltar a ler...
    Força*

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  4. Eu acho que nunca se deve apagar, seja o que for que escrevemos, ajuda-nos a libertar :):)


    Beijinho*

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