terça-feira, 4 de setembro de 2012

Setembro, a praxe e as posições radicais

Sempre ouvi descrever Setembro como o mês de voltar para a escola. Dos pais voltarem ao emprego (quando a maioria deles o tinha). Como uma nova etapa.
E por esta altura chega sempre, pelos media ou por outros meios, uma discussão que me soa a familiar há vários anos. A da praxe.

" A praxe é integração dos caloiros, a praxe é humilhação aos mais novos de quem anda a passear pastas, as praxes isto e aquilo e Dura Praxis Sed Praxis" e afins.

Não me importa muito que haja quem tenha uma opinião diferente da minha, mas importa-me que haja quem queira fazer prevalecer a sua posição sobre a vida e as escolhas pessoais dos outros.

Eu fui praxada. Duas vezes. Em cursos, faculdades, universidades e cidades diferentes. E foram praxes diferentes.

Agora chega a altura em que vou ser eu a praxar. 
Não é de ânimo leve que se consegue reunir uma comissão de praxe. Se é uma época de brincadeira? Em parte sim.
Mas por trás da brincadeira há muito trabalho, investimento pessoal, monetário e, principalmente, empenho e vontade de receber os novos caloiros tão bem quanto nós fomos recebidos no nosso ano.

Por isso incomoda-me que aqueles que não concordam com a praxe, os chamados anti-praxe, a queiram ver extinta. E não consigo deixar de fazer a analogia da posição anti-praxe com a posição de quem é contra o aborto. Não é justo impedir uma mulher que não conhecemos de lado nenhum de abortar e interferir na vida dela em grande escala só porque não acreditamos no aborto. É impor uma posição pessoal sobre a vida de todos. Da mesma maneira é injusto acabar com a praxe só porque alguns não gostam dela.

A verdade é que ninguém é obrigado a aparecer nas praxes e ninguém é forçado a fazer nada nelas. E em qualquer altura, está em aberto a posição de a abandonar. Da mesma maneira que, lá porque existe uma lei que permite abortar, não quer dizer que todas as mulheres que engravidam o sejam forçadas a fazer.

Eu bem sei que há casos conhecidos de coação no âmbito da praxe, é sempre o argumento de quem está contra elas. Só que isso não é praxe, é crime.

Eu bem sei que na praxe ficamos de quatro e de três e fazemos flexões, mas isso é só uma gota de água nas experiências que se passam no período de praxe. Eu gostei de ser praxada das duas vezes em que o fui. Mesmo assim com estas coisinhas. E não me importava de o ser outra vez.

1 comentário:

  1. Eu adorei as minhas prazes, fui estudar a mais de 600kms de casa e realmente ajudou-me a conhecer muita gente e integrar-me bem como divertir.me imenso...ai saudades, aproveita e diverte-te :) *

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