Gosto da chuva torrencial de Inverno na serra.
Ainda mais depois de um dia mau em que já não tenho de correr para lado nenhum.
Ensopa-me a roupa, encharca-me o cabelo e lava-me a alma.
Sabe-me a um mergulho no mar onde não o posso ter.
Gosto de fugir e ficar só.
Da indiferença das ruas movimentadas, das multidões que me escondem e me deixam ser só uma sombra.
Da areia fria entre os dedos nos pés numa praia deserta em Dezembro.
A essência do que não fala, mas me faz esquecer tudo.
Gosto de ver pessoas a passar.
De supor que a vida dos transeuntes que me cativam são como a pinto.
De criar um homem frustrado ou um casamento de 50 anos que ainda é mais feliz que muitos namoros recentes.
De acreditar que os sonhos podem realizar-se. Pelo menos os que imagino que lhes pertençam.
Gosto de mapas e planisférios.
De fazer rolar um globo, fechar os olhos e escolher um ponto.
De questionar-me sobre o local, se gostava de ir, se me é familiar.
Gosto de sonhar.
E da adrenalina da luta para tornar os sonhos reais.
De me refugiar nos sonhos dos outros, quando perco a batalha.
E de sonhar outra vez.
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